quarta-feira, 12 de junho de 2013

Jaz aqui o silêncio

                                          
Jaz aqui o silêncio...

De quem, para todo sempre partiu.
Saudades não trazem ninguém de volta
Pelo meu corpo, um vento frio,
Arrepia-me nesta hora

A solidão me faz companhia
Neste meu pesado olhar na janela
Agora sinto a pesada realidade
De meu quarto se transformar numa cela.
Talvez a morte seja minha libertação,
Mas nela penso como uma interrogação.


Dos que se foram apenas a inquietante recordação
Festas, risadas e bailes,
Parece que ainda posso ver com perfeição
Todos a dançar tão alegres!

Daquele tempo saudoso só restou a mim
Já velho e sem forças
E agora neste meu fim
Choro de saudades


Parece que agora a morte me ronda
Mas a sua presença me nego a notar.
Tenho de ser forte
Para que ela mais um instante,
Deixe-me ficar.

Jaz aqui o silêncio...

O velho gramofone parou
A música também
Assim que o músico se calou,
E o padre pronunciou amém.

Quando eu me for,
Para o céu ou o inferno,
Cessará o ardor.
A última viagem
Do trem da morte,
Contemplarei a sombria paisagem,
E lá chegando,
Comerei do último fruto.

Espero lá encontrar
A todos e poder abraçar.
Como antes,
Cantarolar e dançar

Jaz aqui o silêncio...

Desta vida nada levarei
Apenas a certeza que feliz eu fui
E muito eu amei.
E assim quando a dama da morte chegar,
O gelado orvalho sobre mim cair,
Preparado eu estarei...

Jaz aqui o silêncio,
E a mim também.
Para todo o sempre,
Amém...

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