segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Entardecer.

Sol vai ao despacito, fugindo pra detrás das coxilhas,
Rumando para o desconhecido.
Escurecendo do Pampa, as velhas flechilhas,
No horizonte um cenário tão colorido,
Que me hipnotiza
E fascina.

Revoadas de pássaros,
Entoados em um balé celestial,
Navegam pela imensidão dos céus, como velhos corsários.

Como tentar entender as coisas do mundo,
Se não conseguimos entender o que se passa dentro de nosso peito?
Melhor do que falar, creio que é ficar pelo menos agora, taciturno.
E seguir desse jeito...

Segue o entardecer se apresentando pelo fim do dia,
Alimentando minha desiludida alma,
Com esta doce sinfonia.


-Pinheiro, Erasmo; Piratini, 30 de Setembro de 2013.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diário.

Pelotas, primavera de 1902.
A luz do Sol, nem ao menos adentrou pelas janelas do sobrado hoje.
Choveu incessantemente, desde manhã. Grossas gotas de chuva, que poderiam lavar-me a alma. Mas não, as gotas nem se quer perto de mim chegaram.
Para mim foi um dia igual ao outros todos. Trancada dentro do quarto, se fazer mais que existir.
Por única novidade, diário, vos conto que ontem a primavera voltou ao Rio Grande. Ah primavera! Com suas auroras perfumadas ao jasmim e o bem-me-quer! Ah se ao menos eu pudesse voltar ao campo e encher meus pulmões com o perfume das flores silvestres.
Por pouco não me distraio, com estes meus anseios, que perante minha condição física, se fazem impossíveis. Coisas que as pessoas que moram por ai, não dão importância, mas que eu, velha e sem forças daria um dos poucos dias desta minha vida, que me restam para poder sair por ai e apreciar.
O campo, a estância, as lembranças que lá guardam. Os seus fantasmas de épocas passadas, que rondam a casa grande. Não foi uma época feliz aquela, havia guerra. Havia a derrama de sangue pelo Pampa. Eu tive que ficar trancafiada naquela casa, junto das outras. Foram dez anos, que para mim, por vezes passavam num piscar de olhos. Noutros, depois do amargor da desilusão, foram se arrastando, e arrastando, até os dias de hoje. Virei um fantasma, que vaga por este quarto, arrastando correntes pesadas, batendo grilhões do tempo.
Bueno. Isso ficou num passado distante. Junto das doces lembranças do meu amor. Junto de minha juventude. De todas as moças da família, eu uma das mais velhas, sou a única ainda viva. Viva? Viva ou encarcerada neste quarto, que mais parece um mausoléu? Poderia eu, ter me casado com aquele primo com que minha mãe tanto queria. Sim, guardado dentro de mim aquele amor e ter feito como todas as outras, seguido os moldes que os nossos pais queriam. Ter me casado, por casar afirmo, ter sido uma esposa que nem as outras todas, ser mãe, cuidar do lar, e esperar meu marido voltar das revoluções e guerras, volta e meia assolavam a Província. Poderia. Mas não o fiz. Fiquei solteirona. Quando a Revolução terminou em 1845, tive de deixar a estância e voltar para Pelotas. Minha mãe me martirizou e olhou-me com desgosto até o fim de seus dias. Ela teve apenas a mim de filha que ficou solteirona. Os meus irmãos e minhas irmãs fizeram a vontade de meus pais, consorciaram-se com cônjuges de escolha deles. Moças e rapazes de famílias de boa índole e de terra de baixo da sola dos pés.
Meu pai era mais flexível que minha mãe. Sabia que seus filhos tinham sentimentos. E sempre perguntava á nos se era também de nosso gosto se casar com quem era a nos escolhido. Isso fazia com que minha mãe dissesse que ele nos dava ousadia demais. Ou como ela mesma falava “Vosmecês não tem de querer, tem é de casar com quem os mais velhos decidissem.”  E assim era. E ficou pior depois que só o cavalo de meu pai voltou da Revolução, lá pelos idos de 1843. Coube a ela cuidar de nosso encaminhamento na vida. De mim e das outras duas filhas e um filho que ainda não tinham se casado. E uma filha sua, membro de uma das famílias mais tradicionais, era algo impensável de sair pelo mundo com um aventureiro, sem eira nem beira. Fiquei dias trancafiados no quarto até que ela julgasse que havia passado aquela insanidade.
Na verdade essa “insanidade”, nunca passou. Ainda espero, e só deixarei de esperar a volta de meu amado, no dia que meu coração parar de bater. Isso, talvez se dê, por essa primavera, ou talvez no verão, outono e até mesmo no amargo inverno. Nunca sabemos quando iremos partir deste mundo de gente sofredora e má. Nunca. Ainda sou insana, madre...
Bueno. Después o verão é uma estação calorosa, porém a mim tanto faz. E logo volta o outono. E por fim o inverno.
Sempre foi assim sempre será um dia após o outro. Não importa se estamos felizes ou reduzidos a pó. Eles sempre se renovam. Sempre...

sábado, 21 de setembro de 2013

Uma Guerra só Minha.

O que falar acerca da mornidão da vida?
O mesmo fantasma maltrapilho
Que pela frente de meus olhos todo dia desfila?

Nada muda
Todo dia a mesma lamúria
Só campeio as mesmas tristezas que aos meus olhos,
Despejam ifinita penúria,

De felicidade
Sem nenhuma ajuda.

Laivos de alegria teimam vez que outra,
Subir ao palco da minha vida
Como uma provocação pelo ar solta.

Esmago meu coração,
Dilacero-o
Sem dó nem compaixão
Por mim mesmo.
Prostrando-me sobre restos de um sentimento
Que já quase morto, adormecido e enfermo,
No leito do tempo.

Deste leito, ao seu lado, talvez tenha eu,
Acompanhar-lhe ate o meu,
Fim,
Terei de ficar.
Ele bem que poderia,
Sucumbir a mim,
Ou eu á ele.
Daria uma nota se pudesse,
Para ver, onde esta guerra só minha,
Chegaria.

Pinheiro, Erasmo. 

-Piratini, 21 de Setembro de 2013.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A Noiva de Garibaldi II

A esta altura, as forças Farroupilhas estavam em desvantagem na Revolução.
De pouco e pouco tempo, era trocada de lugar a capital da República, que a cada dia entrava em mais decadência.
Garibaldi agora tinha uma família, composta por ele, Anita, e o filho que ela esperava este nascido em 1840, na vila de São Simão, atual Mostardas.
O pequeno rebento do casal foi nomeado como Menotti.
Agora, mais do que nunca Garibaldi e Anita estavam unidos, por um filho. Uma família.
Francisco Pedro de Abreu, o Chico Moringue, tinha sede de vingança de Garibaldi, desde o ataque das forças deste ao estaleiro dos Farroupilhas, situados na Estância da Barra, no qual Chico Pedro foi atingido por um tiro disparado por Garibaldi, tendo este lhe comprometido os movimentos do braço atingido. O plano do oficial Imperial era de acabar com a pequena família do corsário italiano.
Anita ainda se recuperava do parto do filho quando o acampamento foi atacado e muitos dos soldados que acompanhavam os mesmos foram mortos no ataque de surpresa. Garibaldi estava longe dali, recrutando peões das estâncias da região para juntarem-se as tropas farroupilhas, quando foi feito o ataque. Foi nesse episódio que aconteceu um dos momentos mais lembrados da coragem de Anita, que ainda sobre fortes dores, amarrou um lenço em seu peito, enrolou seu filho, recém-nascido, montou a cavalo e fugiu pela mata que circundava o acampamento farroupilha, conseguindo salvar a sua vida e de seu filho Menotti.
Ao chegar no local onde era o acampamento Garibaldi se desesperou ao não encontrar sua amada e seu filho. Porém alguns soldados que haviam sobrevivido lhe explicaram que ela havia fugido a cavalo com seu filho.
Longe dali, na Estância da Barra, Manuela ainda nutria a esperança da volta de Garibaldi, mesmo sabendo de Anita. Então numa visita de Joaquim, este já incomodado com a insistência de sua prima em esperar Garibaldi, revela a ela que Anita teve um filho com Garibaldi. A primeira reação da moça é de desolamento ao receber esta notícia.
Manoela  só tinha aos seus diários um companheiro para dividir suas tristezas, uma vez que Mariana havia ido morar com Dona Antônia, após sua mãe renegar seu filho com João Gutierrez.
Após Garibaldi ter atravessado a fronteira do Brasil com o Uruguai, para Manuela tanto fazia a qual rumo a Revolução tomava. Seu coração estava encharcado pelo amor que sentia por aquele homem que o roubara e que agora ia embora para nunca mais voltar.
O fim da Revolução se dera em 1845, com o Tratado de Ponche Verde.
Manuela e o que havia restado de sua família voltaram para Pelotas, agora pacificada após o fim da Revolução. Pouco se sabe sobre a vida dela após o fim da Farroupilha. Seguem abaixo anotações em seus diários:
“Pelotas, inverno de 1876.
Volto às minhas páginas; sempre volto. Às vezes, penso em esquecê-las para sempre, remediando-me à condição de velha solteirona que sou, mas creio já que este vício é cousa impossível, e que vai morrer dentro de mim. Quem sabe um dia abrirão minha cova para encontrar os restos do meu cadáver a escrever garatujas invisíveis.
Ah, sei que estou mui tétrica hoje... Há um cheiro de morte no ar. Aqui no Rio Grande, aprendemos a farejá-lo desde sempre, e não o imagine ruim, fedorento, cheiro de carniça. Oh, não! O cheiro de morte, de morte verdadeira de quem ainda não morreu mas que se vai em breve, ah, esse cheiro é doce feito flor velha. É um olor assim nauseabundo, deveras açucarado, que se vai entrando pelas narinas da gente até fazer fundo lá nas carnes, até dar enjôo.
Por isso, fechei as janelas. Para deixar o cheiro lá fora.
Hoje recebi uma carta dando conta de que Inácia, filha de Perpétua, está mui adoentada. Pensei em escrever ao Matias lá na Corte, mas falta-me coragem de chamá-lo ao passado assim à queima-roupa. É por isso que estou aqui, defronte a este caderno.
Se não escrevo a Matias, escrevo aqui. Mas é preciso escrever alguma cousa.
Da última vez que aqui estive, eu contava de Maria Angélica e seus amores. Creio que escrevi de José, que, se não era assim belo, tinha lá os seus brios, e andava a fazer a corte à filha do general. Eram primos numa família em que os primos casavam entre si, o que é grande sorte.
Tudo isso era no fim daquele ano de 1848...
Andava a sombra da guerra a flanar sobre as cabeças dos rio-grandenses, e Moringue (aquele perverso cabeçudo que um dia quase matou meu Giuseppe, mas que por ele foi ferido, ah, e sentiu, o detestável, o gosto do seu próprio sangue); sim, o velho Moringue andava aprontando das suas, atacando estâncias de uruguaios, sob a desculpa de que esses eram inimigos dos brasileiros da fronteira. Ia lá o governo blanco praticando das suas contra brasileiros residentes no Uruguai, e os ataques do tal Chico Pedro, o Moringue, só fizeram apoquentar ainda mais os ânimos. Naquele tempo, a cidade de Montevidéu, cidade que durante tantos anos acolhera meu Giuseppe, vivia um cerco prolongado. Dizia-se que era um sofrimento. E o governo brasileiro resolveu interceder na situação - o Império temia mesmo era uma nova revolta do Rio Grande para que nos uníssemos aos colorados; mas foi cousa fácil dizer que todo o país ia lutar contra os blancos, que eram aliados do argentino Rosas. Rosas, o grande fantasma daqueles anos. Tão temível, tão temido; deveras não passou de um tolo, que na última hora se safou com as calças na mão para Londres.
Creio que foi por esse tempo que Joaquim conheceu Josefina Azambuja, cujo pai, um comerciante, fazia negócios com sua família. A moça deve ter-se enamorado de Joaquim, que era mui galante e tinha grande fama de ser imune aos laços do casamento, por culpa - meu Deus -, por culpa minha! Pois o que é do gosto regala a vida: a tal Josefina deu-se de amar aquele hombre tristonho, bonito, tão dedicado à família, e tanto fez que ambos se casaram alguns anos depois, tendo vencido um longo noivado.
Também naquele tempo foi que Maria Angélica aceitou unir-se em bodas com o primo; aquele velho amor, recordável apenas sob as cobertas da cama, cicatrizara. Foi então que, aqui neste quarto, me pus a costurar o meu vestido de noiva. Havia tantos casamentos na família! Nada mais justo que eu, pobrezita, preparasse as minhas bodas, mesmo com o suposto noivo ausente, carregando pela Europa uma penca de filhos e uma tropa de soldados.
Mandei comprar cetim branco e pus-me então a costurar o mais demorado vestido que jamais se fez nesta terra. Eu era a Penélope esperando Ulisses, e a cada dia dava um ponto ou dois no meu trabalho. Ficou bom, certamente. Levou mais de dois anos para estar feito como eu queria. Ainda hoje, vinte e seis anos después, ainda o uso todas as noites.
Lembro de uma certa tarde em que eu estava a fazer nele um bordado e alguém tocou à porta. Era minha mãe. Andava já muito doente dos pulmões, e triste, posto que seu filho mais amado, o único varão que suas carnes lhe deram, estava para casar e ir viver no campo.
- Me disseram que vosmecê comprou seda branca. É para quê?
Ninguém jamais há de imaginá-la parada à porta, com seu rosto encovado, os olhos duros, a mirar-me com desgosto.
- É para um vestido - eu lhe disse.
- Para o casamento de Antônio?
- Não, para o meu mesmo.
Ela não se deu ao trabalho de pronunciar aquele nome que lhe era tão odioso. O nome de Giuseppe. Apenas sorriu com escárnio:
- Vosmecê está louca. A segunda das minhas filhas. Louca, louca. Isto só pode ser uma punição.
E saiu para o corredor batendo as botinas no chão.
É verdade, madre, a senhora teve duas filhas loucas, uma outra que morreu moça e um varão que morreu na Guerra do Paraguai. Não foi realmente um desfecho digno dos seus sonhos.
Aqui, quase me desconcentro! A criada faz barulho lá embaixo, trancando as portas da casa. Mas que ladrão haverá de entrar neste velho sobrado sem riquezas? Levar-me-ão quais jóias, que dinheiros? Mas não vou descer os dez degraus até a sala, não vou me erguer da cadeira. Há de ter os seus divertimentos, a pobre criada. Este pequeno caderninho é o meu...
Bueno, onde eu estava mesmo? Eram os idos de 1850, e o menino Matias crescia vigorosamente, a ponto de D. Antônia mandar trazer de Porto Alegre um professor que lhe ensinasse as cousas da vida. D. Antônia queria ver o menino virar doutor. Queria-o longe do destino desta terra de homens que morrem cedo; queria-o na estância, talvez com um consultório na cidade. E pôs o menino a estudar.
Vi-o uma vez naquele tempo. Acabava de sair do escritório, caminhava atrás do professor, pois tinham terminado uma lição de álgebra. Vinha sorrindo, lépido. Custava-lhe ficar duas horas numa cadeira, a mente pousada nas páginas do caderno; ele queria o pampa, queria o Rio Camaquã, queria o estaleiro. Eu estava lá para ver D. Antônia. Quando Matias me olhou, abriu um sorriso:
- Manuela!
E atirou-se nos meus braços. Era um bichinho. Era um boneco morno e macio. Por um momento, eu quis ter um filho. Mas o gosto se perdeu no instante seguinte - não se pode retroceder nos caminhos desta vida.
Inácio morreu em dezembro de 1850. Lembro-me dele. Era um homem forte. Morreu num sopro, como uma vela que se apaga. Jamais se queixara de dores, mas certa noite, no meio de uma madrugada quente, soltou um único grito, e enquanto Perpétua tratava de acender uma luz, ele desaparecia para sempre deste mundo, deixando a mulher sozinha na vida, com as quatro filhas pequenas por criar.
Perpétua não estava preparada para a morte do esposo - nem todas as mulheres desta estirpe são de pedra. Algumas vergam-se. Rosário, Mariana, Perpétua... Perpétua quase se deixou ir, mas buscou em si alguma força, tinha aquelas quatro raparigas na barra da sua saia, e después de longos dias de apatia e choro, fez as malas, deixou o Salso e as lembranças para trás e foi com suas crias viver uns meses com Caetana, lá no Cristal. Creio haver sido isso que a salvou, este voltar-se para fora, para o mundo, fugindo de afogar-se nos seus próprios rios interiores.
Desfiado o ano de 1850 (quão pouco há para se dizer da vida, enfim!, tudo, tudo, morte e alegria, resume-se numas poucas linhas num caderno...), chego à nebulosa guerra contra o ditador Rosas, que desembestou a acontecer lá pelos idos de 51.
Contaram naquele tempo que o general Antônio Netto voltara ao Rio Grande para arregimentar homens para a sua Brigada de Voluntários Rio-grandenses, e com ele partiram Bentinho, Leão, Marco Antônio e Caetano. Joaquim deixou-se ficar, noivando placidamente: estava cansado de guerras, de sangue e de desilusões políticas. Os outros filhos hombres de Caetana botaram o pé no mundo, promovendo outra vez o altar cheio de velas, e a viúva do general ajoelhada em frente à santa, a rezar, a rezar.
A luta sucedeu fora das fronteiras do Rio Grande, mas por aqui havia muito medo do tal Rosas. A guerra é uma doença que deixa cicatrizes; voltaram as igrejas a botar fiéis pelo ladrão, era só Deus a segurar o tal demônio argentino que, diziam, planejava invadir o Rio Grande. Foi uma alegria quando correu a notícia de que Urquiza, governador de Entre-Rios, se unira aos brasileiros na luta contra Rosas.
Lembro pouco daquela guerra de conversas de comadres - por aqui não sucedia nada, e os jornais traziam nota de que Caxias marchava para destruir o perigoso ditador. Foi uma guerra que só fez vento, segundo a definição de D. Antônia.

Enquanto os hombres iam outra vez para a peleja, passava a vida por estas lonjuras. Antônio, meu irmão, casou e foi-se embora para sempre (bendita seja a sua sabedoria de abandonar este teto maldito); um mês depois, minha mãe morreu de um mal pulmonar. Vinha já muito malita, nem dizia mais seus venenos contra mim, ficava somente na cama, à espera das visitas do médico e dos cuidados da criada.”

sábado, 14 de setembro de 2013

Mais uma história, sem o "Final Feliz".

Fins de julho. O ano era de 1890.
Sentada á beira da janela num fim de tarde de inverno. O vento que vinha galopando pelas coxilhas do Pampa, agora adentra as janelas do velho sobrado. Sim, aquele velho sobrado no centro de Pelotas, fronteado para a praça da igreja, serve de residência para a velha senhora de cerca de 80 anos.
A única companhia que a vida lhe deixou, foi a própria solidão, que se mantinha fiel á ela. Presente em todos os momentos de sua vida, desde que ela tinha 17 anos. Desde então sua vida se tornou insólita e vazia, deixando- a viver como um ser vazio.
Seus olhos azuis foram à última beleza que a vida por devaneio talvez, não lhe tirou. Estes eram sempre, nos fins de tarde, presos na imensidão do horizonte. Procuravam, aquele rapaz, que a tantos ano havia deixado de fazer parte de sua vida. Deixado talvez não, pois ele sempre vinha visitar ela, quando esta fechava suas pálpebras, desejando com todas suas forças que ele estivesse ali, dentro de um mundo só dela. Era apenas fisicamente ausente.
 Um mundo aonde, ele ainda vinha lhe ver, com aquele sorriso doce, que somente ele sabia esboçar.
O vento frio transpassava sua pele enrugada e seus cabelos fracos e tordilhos pelo rigor dos anos. Balançava as cortinas de seu quarto. Sabia que o frio lhe faria mal a saúde, já debilitada pela idade. Mas nada mais lhe importava. Talvez queria mesmo que a ceifa da morte lhe tragasse a vida.
Não tinha nada mais a desejar da vida. Faziam quase 63 anos que havia se despedido de seu único amor. E aquela imagem era, em sua lembrança tão nítida, mesmo havido transcorrido mais de meio século. Era um dia de Sol, numa manhã. Ainda sim podia sentir novamente sua respiração acelerar, e suas mãos tremerem. Aquele dia havia fica marcado para sempre, como um divisor de águas, que dia após dia, ia lhe matando. Mas que por maldade divina não lhe matava de uma vez só. Se bem que cada dia que vivemos, é um a menos que temos de vida. Foi uma difícil despedida.
Eram bons amigos. Uma dessas amizades que surgem do nada e se tornam a cada dia mais forte. E ela, a pobre moça, teve a sublime e infeliz sorte de se apaixonar pelo amigo. É, assim do nada, um dia notou que amava incondicionalmente seu amigo. E não se via mais sem ele por perto. Olhava, desde então o mundo com os olhos brilhando, inundados deste amor.
Um moça, que já era, desde muito nova, prometida pelos pais á uma primo que morava distante dali. E este amigo, agora á ela confidenciava suas desventuras amorosas. E ela sofria junto dele, em silêncio, e nada podia falar. Sabia que o coração dele era do mundo, das artes, era livre. E aquilo foi somente crescendo dentro dela. Havia encontrado aquele que sempre havia habitado seus sonhos, os mais magníficos sonhos.
A cada dia que conhecia-o mais, mais tinha certeza de que era ele quem moraria dentro de seu peito para toda sua vida.
Foi á época mais feliz da vida dela. A época em que sentia flutuar sentia seus pulmões se encherem de ar e dar ânimo ao sua alma.  Na simplicidade de seu amor, somente de tê-lo presente em suas manhãs, já era uma vitória sem preço. Agora ela, no fim de sua vida, podia perceber que aquele amor viera em sua vida, talvez somente para suprir a falta de amor que vinha de seus pais, Porém, quando ela estava no apogeu de seu sentimento pelo moço, seus caminhos tomaram rumos diferentes.
Nos primeiros dias após tão dolorosa despedida, não passava um dia sem chorar, até cansar. Preferia fugir, para algum lugar onde não tivesse ninguém. Sentia certo ódio das pessoas todas, por não serem como seu grande amor. 
O desespero foi tanto, que em inúmeras vezes ela tentou suicídio. Remédios em altas dosagens, sufocamento, e até afogamento, foram tentados por ela, nas suas tentativas de burlar o sofrimento gerado pela falta de seu amor.  Seus pais, agora entendendo o que a filha mais moça queria, trancafiaram no quarto, eliminando todos os objetos que ela podia usar para se matar, deixando-a como uma doente perigosa. Logo, cerca de dois meses depois, ela começou a aceitar a realidade dos fatos, que a vida continuava.
E assim foram os anos, vagarosos, passando. Mas ela, por ainda certo efeito desse amor, se mantinha esperançosa, que ainda iria viver o amor com o moço. Uma loucura, insana um tanto. Então a realidade, foi aos poucos se assentando em sua ideia. Viva dias bem alegre e falante com as pessoas de sua casa. Noutros, fechada e silenciosa, remoendo aquela angústia ingrata. 
O tempo foi passando, e seus pais resolveram que assim como ela desejava, iria ser solteira para o resto da vida.  Temiam que o casamento forçado lhe fizesse mal á saúde mental.
Assim aos poucos teve de se despedir de seus entes queridos. Primeiro os pais, depois os irmãos.
O sobrado da família foi se esvaziando. Deixando espaço a uma nova moradora: a solidão,que seria sua eterna companhia.
Apenas os criados ali ficaram junto dela. Mas pouco se viam. Ela passava o dia todo no quarto, escrevendo seus anseios em diários. Mal comia e tão pouco saia de casa, isto que só fazia em caso de extrema necessidade.
Os anos continuavam a passar e passar. Havia cerca de 20 anos que ela não sabia uma notícia de seu amado. Isso era a mais dolorida das feridas. Uma ferida na alma. Uma dor fina e intrínseca.
Lamentava cada novo dia que nascia. Lamentava toda noite que chegava ao fim. Lamentava ainda estar viva. 
Nem a beleza e a sensação de renascer das primaveras lhe animavam mais. Logo vinha os longos invernos, solitários naquele sobrado. 
Da janela ela observava as pessoas que perambulavam pelas adjacências da sua casa. Eram figuras cinzas, sem beleza alguma, vistas por ela. Alguns debochavam dela, chamando de louca e outros apelidos maldosos, á velha moradora do sobrado.
Era uma vida sem vida. 
Um dos únicos lugares que ainda podia sair e que suas forças lhe permitiam ir, era aos sepultamentos dos parentes e conhecidos. Logo voltava para casa e lá se trancafiava, junto das lembranças do passado, estas quais lhe mantinham viva.
Sentia que era covarde, por nunca ter dito á ele, do que sentia. Por não ter fugido de casa, se o caso fosse necessário. Mas ter sim lutado até perder suas forças pelo seu sentimento amoroso. Porém agora não adiantava mais lamentar e se torturar. O baú do tempo havia sido selado e eternamente fechado.
Pensando nisso tudo, a velha senhora, sorri. Sim, sorri. Sorri, pelo fato de ter amado. Pelo fato de ter sentido aquele sentimento inexplicável. Por ter sentido seu sangue pulsar mais forte. Por ter tido um amor, daqueles que fazem as pessoas sentirem-se plenas e completas, só pelo simples fato de amar.
Levanta-se, agora, de sua cadeira de balanço e cerra a janela. Respira fundo e sente que ao fim daquele dia cinzento de inverno, pôde renascer. Renascer de suas próprias cinzas. Pois somente pode renascer das cinzas de seu coração, aquele que ardeu ao Sol, de uma paixão. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Uma despedida ou um sonho?


Despeço-me de ti, dia após dia,
Uma despedida mórbida e insensata
Que vai sugando de mim, o que restou de alegria,
Esta, já é morta e enterrada,
Que vai descansar, desossada
No cemitério de minhas lembranças.

Dias sutis vão passando
E eu não os acompanho,
Porém o mundo vai girando,
Sem que eu perceba,
Ou talvez perceba,
Que estou me despedindo
Com toda certeza,
De mim mesmo.

Mergulhei tão fundo nesse sonho,
E agora um balde de água fria
Traz-me de volta á este mundo bisonho.

Ficará apenas em minhas lembranças
Como duas estrelas cintilantes
Estes teus olhos,
Que recordarei todas as noites, com imensa saudade
E sem alguma esperança...

Pinheiro, Erasmo;
-Piratini, 11 de setembro de 2013.

sábado, 7 de setembro de 2013

Genealogia 03.

Antônio Silveira Gularte: *Fateira, Horta, Ilha do Faial; c/c Maria Dutra *p/v de 1703, em 10-09-1719, em Castelo Branco, Horta. Maria Dutra morreu em 28-08-1773, em Santo Antônio da Patrulha. Antônio e Maria são décimos primeiros avós do autor. Pais de:
F. Antônia Maria de Jesus: *Fateira; c/c Francisco da Silveira Peixoto, *Fateira, filho de José Silveira Peixoto e de Maria da Conceição, natural e batizada em Fateira. Francisco morreu em 14-06-1798, em Santo Antônio da Patrulha. Pais de:
N. Luís Manuel da Silva Peixoto: *Viamão, ali batizado em 30-08-1763; casado em 1° núpcias com Joaquina Eufrásia de Jesus, e em 2° núpcias com Leonor Inácia Pinto, natural de Santo Antônio da Patrulha, filha de João Antunes Pinto, *24-07-1732, natural e batizado na Colônia do Sacramento e de Vicência Inácia da Pureza, natural de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores, Portugal.
N. Bernarda Francisca de Jesus: *Viamão, ali batizada, em 11-11-1770; c/c Manuel Inácio da Silveira, *30-12-1761, natural de Rio Grande, filho de José Silveira de Oliveira, natural de Velas, Ilha de São Jorge, Açores, e de Teresa de Jesus, natural de Rosais, Ilha de São Jorge.
N. Ana Joaquina da Silveira: *Santo Antônio da Patrulha, ali batizada em 26-07-1780; c/c Atanásio José Lopes, natural e batizado em Santo Antônio da Patrulha, filho de Antônio José Lopes, natural de Sé de Évora, Alentejo, Portugal e de Helena Eufrásia Pereira *03-06-1754, natural de Rio Grande. Atanásio José morreu em 12-09-1816, em Itaqui, Rio Grande do Sul.
F. Ana Maria de Jesus: *p/v de 1723 em Fateira; c/c José da Silveira Peixoto, natural de Fateira, em 1759, em Viamão, filho de José da Silveira Peixoto e de Maria da Conceição, natural de Fateira. Ana Maria morreu em 10-06-1803, em Santo Antônio da Patrulha.
F. José da Silveira Gularte: *Fateira; c/c Quitéria do Espirito Santo, também natural de Fateira, em 16-09-1752, em Fateira, filho de José dos Santos, natural de Vila Franca, Ilha de São Miguel, Açores, e de Isabel do Espírito Santo, natural de Fateira. José morreu em 11-10-1787, em Santo Antônio da Patrulha. Pais de:
N. Antônio José dos Santos: *28-10-1757, em Rio Grande, ali batizado em 20-11-1757; c/c Lucília Felícia Gomes, filha de José Silveira da Rosa Machado, *02-04-1755, natural de Rio Grande, e de Teresa Maria Gomes *06-07-1757, também natural de Rio Grande. Pais de:
Bn. Joaquim José dos Santos: *Rio Grande; c/c Porcina Joaquina Gomes, *13-07-1809, natural de Canguçu, Rio Grande do Sul, em 07-10-1829, em Cerrito, filha de Joaquim José Gomes Araújo, natural e batizado em San Carlos, Maldonado, e de Maria Delfina de Almada, *p/v de 1783, natural de Rio Grande. Porcina morreu em 14-11-1849, em Cerrito.
Bn. Cláudio José dos Santos: *Canguçu; c/c Claudina Maria Severo, em 19-04-1828, em Rio Pardo, filha de Francisco Antônio Severo, e de Generosa Maria dos Anjos, ambos naturais de Rio Pardo.
N. Mariana Silveira de Jesus: *04-11-1758, em Rio Grande, ali batizada em 18-11-1758; c/c Manuel Gomes de Castilhos, *p/v de 1755, natural de Santo Amaro, São Paulo, filho de Manuel Gomes de Castilhos *p/v de 1730, e de Isabel Machado, naturais de Santo Amaro. Pais de:
Bn. Maria Gomes de Castilhos: * e batizada em Santo Antônio da Patrulha, em 15-07-1775; morreu em 23-11-1823, em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul; c/c Antônio José Soares Coimbra, *Santa Marinha do Vilar, Minho, Portugal, em 07-07-1792, em Porto Alegre, ele filho de José Soares Coimbra e de Maria Álvares da Costa. Antônio José morreu em Santa Maria, Rio Grande do Sul.

F. Maria Silveira: *San Carlos, Maldonado, Uruguai; morreu em 03-01-1800, em Rio Grande; c/c Filipe Dutra Caldeira *Fateira, em 07-05-1747, em Fateira, filho de Manuel Dutra Caldeira e de Bárbara Duarte, ambos naturais de Fateira. Maria e Filipe são décimos avós do autor.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Genealogia 02.

Manuel Dutra Caldeira: *1680, em Fateira, Horta, Ilha do Faial, Açores, Portugal; c/c Bárbara Duarte, *1683, também natural de Fateira. São décimos primeiros avós do autor; Pais de:
F. Pedro Dutra Caldeira.
F. Filipe Dutra Caldeira: *Fateira; casado em primeiras núpcias com Maria Rodrigues, natural de Fateira, filha de Manoel Rodrigues, natural de Castelo Branco, Horta, Ilha do Faial, e de Maria Luís, natural de Fateira. Casou-se em segundas núpcias com Maria Silveira, natural de San Carlos, Maldonado, Uruguai, filha de Antônio Silveira Goulart, e de Maria Dutra *p/v 1703, ambos naturais de Fateira; em 17-05-1747, em Fateira. Filipe morreu em 26-12-1771, em San Carlos. Maria morreu em 03-01-1800, em Rio Grande, Rio Grande do Sul. Filipe e Maria Silveira são décimos avós do autor. O casal Filipe e Maria foi feito prisioneiro, quando os espanhóis invadiram a Vila de São Pedro de Rio Grande, em 1763, juntamente com os filhos, e lá fixaram residência. Pais de (do 1° matrimônio):
N. Maria de Santo Antônio: c/c João Garcia Pereira, em 19-04-1744, em Fateira, filho de Filipe Pereira e Ana Pereira. Pais de:
Bn. Francisco Dutra Garcia: *16-12-1753, em Fateira, batizado em 21-12-1753, em Fateira; morreu em 11-01-1836 em Fateira; c/c Mariana da Rosa Bulcão, *15-06-1771, natural de Fateira, em 22-02-1789, em Fateira, filha de Manuel Silveira Bulcão *p/v 1744 e de Izabel Francisca *p/v 1750, naturais de Fateira. Mariana morreu em 16-10-1822, em Fateira.
Bn. Maria Tereza de Jesus: c/c Antônio da Rosa de Medeiros, filho de João da Rosa e Mariana da Conceição.
N. Manuel Dutra Caldeira: c/c Rosa Maria de Mendonça, em 29-05-1747, em San Carlos, filha de Manoel de Mendonça e Ana Dutra, e viúva de João de Freitas.
N. Catarina de São Mateus: * Fateira; c/c Antônio da Silva; morreu em 19-10-1753, em Rio Grande.
 Do 2° matrimônio, com Maria Silveira:
N. Inácia Dutra: *17-11-1762, em Rio Grande, batizada em 12-12-1762, em Rio Grande; c/c Ramon António Del Porto, natural de San Martinho, Galícia, Espanha, em 27-04-1778, em San Carlos, filho de Nicolás Del Porto e Ângela Mariño, ambos naturais de Sam Martinho. Pais de:
Bn. Maria Antônia: *San Carlos, batizada em 20-06-1780, em San Carlos.
N. Maria Dutra da Silveira: *11-01-1759, em Rio Grande, batizada em 13-02-1759, em Rio Grande; c/c Antônio Silveira da Rosa, *p/v de 1755, em 1775 em San Carlos, filho de Manuel Silveira da Rosa *29-05-1728 e de Maria Rosa de São José, *09-08-1724, ambos naturais de Cedros, Horta, Ilha do Faial.
N. Vitória Dutra: *25-03-1756, em Rio Grande, batizada em 19-04-1756, em Rio Grande; c/c Ambrósio Pires da Rosa, *p/v de 1743, natural de Santa Luzia, Ilha do Pico, Açores, em 1771, em San Carlos, filho de Ambrósio Pires da Rosa e Maria Pereira, naturais de Santa Luzia. Pais de:
Bn. Ana Maria Pires: *San Carlos; c/c Manoel Rodrigues Luís, filho de Antônio Rodrigues Luís e de Rita Francisca.
Bn. Ambrósio Pires da Rosa: c/c Anna de Faria, filha de Domingos de Faria Alvernáz e de Mariana Rosa de São José, todos naturais da Ilha do Faial.
N. Rosa Maria de Jesus: *Rio Grande, batizada em 08-07-1753, em Rio Grande; faleceu em 12-08-1833, em Porto Alegre; casada em 1° núpcias com José Lopes Pacheco *16-10-1736 natural de Nove Ribeiras, Ilha Terceira, Açores, em Viamão, Rio Grande do Sul, filho de Diogo Pacheco Louro, *14-12-1699, e de Bárbara da Conceição *13-06-1703, ambos naturais de Nove Ribeiras. Casou-se em 2° núpcias com Francisco Ferreira Saldanha, natural de Pouso Alto, Minas Gerais, filho de Caetano Saldanha, natural de Vila Rica, Minas Gerais, e de Maria Ferreira de Andrade, natural de Pouso Alto. Pais de (do 1° matrimônio):
Bn. Cipriana Joaquina da Conceição: *Viamão, batizada em 24-02-1771, em Viamão; c/c Francisco Antônio da Silveira, natural de Viamão, em 11-01-1789, em Porto Alegre, filho de Francisco Antônio da Silveira, natural de Conceição, Horta, Ilha do Faial, e de Antônia Maria de Jesus, natural de Jacareí, São Paulo.
Bn. Luciana Antônia de Jesus: *Santo Antônio da Patrulha, batizada em 27-07-1773, em Santo Antônio da Patrulha; c/c Manuel Antônio da Silva *08-09-1768, natural de Viamão, filho de Francisco Antônio da Silveira e de Antônia Maria de Jesus.
Bn. Francisco José Pacheco: *Santo Antônio da Patrulha, ali batizado em 25-09-1774; casado em 1° núpcias com Maria Inácia de Jesus, natural de Rio Grande, em 29-01-1796, em Rio Grande, filha de José Francisco Duarte e Inácia Maria. Casou-se em 2° núpcias com Dionísia Teresa de Jesus, natural de Lisboa, Portugal, em 13-11-1819, em Pelotas, filha de Diniz Girard, natural de Lyon, França e de Francisca Teresa de Jesus, natural de Covilhã, Castelo Branco, Portugal. Pais de (do 1° matrimônio):
Tn. Ana: *06-10-1799, em Rio Grande, batizada em 12-11-1799, em Rio Grande.
Tn. Maria: *23-03-1801, em Rio Grande, batizada em 16-04-1801, em Rio Grande.
Tn. Joaquina Maria Pacheco: *20-07-1803, natural e ali batizada em 27-07-1803; c/c Frederico Augusto de Carvalho Bastos,*p/v de 1807, natural de Lisboa, filho de Antônio Xavier de Carvalho Bastos, natural de Seixal, Setúbal, Alentejo, Portugal, e de Angélica Ludovina Girard, natural de Lisboa.
Tn. Manuel: *24-01-1806, em Rio Grande, ali batizado em 28-01-1806.
Tn. ?: gêmea com o anterior.
Do 2° matrimônio:
Tn. Antônio: *22-08-1820, em Pelotas.
Tn. Eulália: *Pelotas, batizada em 12-02-1823, em Pelotas.
Bn. José Pacheco Lopes: *e batizado em Santo Antônio da Patrulha, em 05-10-1776; c/c Vicência Maria do Nascimento *Santo Antônio da Patrulha, em 07-04-1799, em Gravataí, filha de Vicente Francisco dos Santos *23-09-1753, e de Ana Maria de Jesus, *16-05-1759, ambos naturais de Rio Grande. Pais de:
Tn. Clementina Maria do Nascimento: c/c José de Freitas Noronha, *p/v 1818, natural de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, em 07-11-1843, em Santo Antônio da Patrulha, filho de Narciso José Pacheco, natural de Viamão.
Bn. Antônio José Pacheco: *Santo Antônio da Patrulha, ali batizado em 21-06-1778.
Do 2° matrimônio:
Bn. Matilde Maria Saldanha: *20-03-1785, em Santo Antônio da Patrulha, ali batizada em 03-04-1785; c/c Bernardo José da Silva *15-01-1781, natural de Porto Alegre, em 01-06-1803, em Santo Antônio da Patrulha, filho de Francisco Antônio da Silveira, natural de Conceição, Ilha do Faial, e de Antônia Maria de Jesus, natural de Jacareí, São Paulo.
Bn. Policarpo José Saldanha: *01-03-1787, em Santo Antônio da Patrulha, ali batizado, em 11-03-1787; c/c Umbelina Rosa do Amor Divino, sua sobrinha, natural de Santo Antônio da Patrulha, em 06-02-1823, em Porto Alegre, filha de Manuel Antônio da Silva e Luciana Antônia de Jesus.
Bn. Cipriana: *p/v de 1787, em Santo Antônio da Patrulha, ali batizada.
Bn. Francisco Antônio de Jesus: *Santo Antônio da Patrulha, ali batizado em 02-09-1789; c/c Floriana Maria da Encarnação, natural de Taquari, Rio Grande do Sul, em 02-11-18011, em Taquari, filha de Jerônimo José Rodrigues e de Lauriana Maria de Jesus, ambos naturais de Triunfo, Rio Grande do Sul. Pais de:
Tn. Manuel: *09-07-1813, em Taquari, ali batizado em 25-07-1813.
Tn. Inácia: *20-10-1814, em Taquari, ali batizada em 29-10-1814.
Tn. Antônio: *Taquari, ali batizado em 20-10-1824.
Tn. Jerônimo: *17-09-1826, em Taquari, ali batizado em 09-10-1826.
Bn. Maria: * Santo Antônio da Patrulha, ali batizada em 14-05-1792.
Bn. Joaquina Antônia de Jesus: * Santo Antônio da Patrulha, ali batizada em 21-05-1798; c/c Manuel Félix Vaz, natural de Porto, Portugal, em 22-08-1814, em Santo Antônio da Patrulha, filho de Manuel Vaz e Teodora Antônia.
N. Vitória: *Fateira; morreu em 04-05-1752, em Rio Grande.
N. Manuel Dutra da Silveira: *Fateira; c/c Isabel Maria Teixeira, *31-08-1756, natural de Rio Grande, em 01-12-1777, em San Carlos, Maldonado, Uruguai, filha de Antônio Teixeira Corrisco *p/v de 1694 e de Isabel Maria Viera *p/v de 1708, naturais de Urzelina, Velas, Ilha de São Jorge. Manuel e Isabel Maria, são nonavós do autor. Pais de:
Bn. Joaquina: *10-09-1797, em Rio Grande, ali batizada em 27-09-1797.
Bn. Teodósio: *04-09-1795, em Rio Grande, ali batizado, em 20-09-1795.
Bn. Benigna: *22-08-1793, em Povo Novo, Rio Grande, ali batizada, em 28-10-1793.
Bn. Ana: *20-06-1791, em Povo Novo, ali batizada em 04-07-1791.
Bn. Anacleta Maria Dutra: *07-09-1789, em Povo Novo, ali batizada em 19-09-1789; c/c Pedro Muniz Fagundes, *p/v de 1789, natural de Rio Grande, em 28-11-1807, em Rio Grande, filho de Vicente Muniz Leite, *p/v de 1749, natural de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e de Dionísia Pereira da Assunção, natural de San Carlos. Pais de:
Tn. Sérgio: *09-09-1809, em Rio Grande, batizado em 19-09-1819, em Rio Grande.
Bn. Manuel Dutra da Silveira: *22-05-1787, em Rio Grande, ali batizado em 29-06-1787; c/c Josefa Balbina Fagundes, natural de Rio Grande, filha de Vicente Muniz e de Dionísia Pereira da Assunção. Pais de:
Tn. Leonel Dutra Fagundes: *15-14-1809, em Rio Grande, ali batizado em 06-05-1809.
Tn. Israel Dutra Fagundes: *15-04-1809, em Rio Grande, gêmeo com o anterior; c/c Marcelina Francisca de Souza, em 28-06-1830, em Piratini, filha de Marcelino Francisco de Souza, *23-12-1785, natural de Rio Grande e de Eugênia Felipa de Medeiros.
Bn. José: *03-09-1785, em Rio Grande, ali batizado em 17-10-1785.
Bn. Laureana Dutra: *24-10-1783, em Rio Grande, ali batizada em 01-11-1783; c/c José Leonardo Germano, natural de Sé de Leira, Portugal, em 08-02-1802, em Rio Grande, filho de Alonsio Belarino e Paula Joaquina. Pais de:
Tn. Maria: *09-01-1805, em Rio Grande, ali batizada, em 24-02-1805.
Tn. Maria Joaquina Germana: *20-05-1809, em Rio Grande, ali batizada em 07-06-1809; casada em 1° núpcias com Manuel da Silva Santos, natural de São Salvador, Porto, Portugal, em 12-05-1825, em Rio Grande, filho de Manuel da Silva e de Ana Luísa. Casada em segundas núpcias com João Antônio da Rosa, natural de Desterro, Santa Catarina, em 27-12-1832, em Rio Grande, filho de Antônio José Pereira e de Rita Maria de Jesus.
Tn. José Leonardo Germano: *Rio Grande; c/c Eugênia Maria Lucas, natural de Rio Grande, em 01-03-1832, em Rio Grande, filha de João da Costa Santos, *p/v de 1772, e de Joana da Rosa Lucas de Oliveira, *16-03-1786, natural de Piratini.
Bn. Maurício Dutra da Silveira: *22-09-1781, natural de Rio Grande, ali batizado, em 28-10-1781; c/c Maria Ferreira da Conceição, natural de Rio Grande, em 14-06-1803, em Povo Novo, filha de Vicente Ferreira dos Santos e de Ana Inácia Gomes. Pais de:
Tn. Vicente: *05-04-1804, em Rio Grande, ali batizado, em 28-07-1804.
Tn. Joaquina: *07-10-1806, em Rio Grande, ali batizada, em 24-10-1806.
Tn. Virgínia: *08-06-1808, em Rio Grande, ali batizada, em 10-07-1808.

Bn. Maria Dutra: *06-10-1778, em San Carlos, ali batizada em 11-10-1778; c/c Antônio de Faria Rosa, natural da Ilha do Faial, em 23-03-1799, em Rio Grande, filho de Domingos de Faria Alvernáz,*22-12-1731 e de Mariana Rosa de São José, *27-03-1733, ambos naturais de Nossa Senhora do Socorro, Horta, Ilha do Faial. Neto paterno de Domingos Jorge de Faria Alvernáz e de Ana Maria d’Ávila, e neto materno de Manuel Garcia Nunes e Francisca Rosa de São José, todos naturais da Ilha do Faial. Maria e Antônio são octanavós do autor. Descendem deste casal boa parte da população da Região Sul do Rio Grande do Sul, em especial em Piratini, e em sua descendência encontram-se as famílias: Santos, Dutra, Borges, Oliveira, Garcia, Passos, Domingues, Afonso, Nunes, Vargas, Andrade e muitas outras.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Menina Primavera.

Primavera chegará logo, logo,
Os bons ventos e o perfume das flores,
Voltarão depois do inverno longo.

Voltarei a escutar o suave canto dos pássaros,
Nas doces manhãs de primavera,
Deleitar-me com o perfume que o vento carrega em seus braços,
Na estação mais linda e sincera.

Renascerei das minhas cinzas,
Caminhando rumo ao desconhecido,
Desvencilhando-me das densas neblinas,
Que o inverno trouxe para mim.

Anseio que ela seja tão duradoura quanto foi o meu amor,
Que resistiu a tudo,
E agora será aquecido pelo bom calor,
Que de mim foge, se me descuido.

Primavera e seu encanto de menina,
Suave e graciosa,
Nunca me desanima,
Pois sei, que nada na vida,
É mais belo que a primavera!

-Pinheiro, Erasmo;
Piratini, 01 de Setembro de 2013.