segunda-feira, 10 de junho de 2013

Insônia

Consigo perceber minha quente e incessante respiração. Desperto.
Arrasto meu rosto no lençol, pondo-o em cima do travesseiro. É uma mania minha não ficar com o rosto em cima deste.  Viro a face em direção á janela. Lá está apenas a silhueta da cortina xadrez, pois o resto ainda é apenas penumbra da madrugada. Ainda não clareou o dia e a madrugada está perto de seu fim. Logo os pássaros irão com alegria anunciar um novo dia de primavera, e a luz do alvorecer irá majestosamente invadir meu quarto.
Meu corpo mantem-se fiel à cama, e meu rosto está amassado junto ao travesseiro. Fico com os olhos parados e estáticos presos á janela. Meu pensamento está oco, como o tronco de uma velha árvore, puído pelo tempo. Nada se passa ali. Assim fico melhor, sem me preocupar com nada ou alguém.
Não sei, mas não consigo voltar a dormir, como se o sono fugisse de mim. Ah mas isso parece loucura! Não voltar a dormir, justo hoje numa aprazível manhã de domingo de primavera. Bem por que eu não sei, mas não consigo.
Lá fora, algo pisca, mas eu sei que é a lâmpada do poste que tem aqui na rua, de fronte a minha casa. Quando ficava sem sono, costumava ficar olhando para a lâmpada, mas agora ela está fraca e pouco ilumina a rua. Nem meus pensamentos.
Há também o estridular dos grilos, que freneticamente cantarolam rua a fora. Talvez sejam estes os únicos seres além de mim a estarem acordados esta hora. Dizem os mais velhos, que quanto mais escura à noite, mais claro é o canto dos grilos. Cri Cri Cri.
O rádio relógio atesta que são 5h e 36 min.
Maldita insônia não me permite dormir. Agora, depois de ver as horas, meu pensamento se inunda de ideias, preocupações, e coisas desse tipo.
Por vezes sinto que meu subconsciente se torna igualado á um cemitério abandonado, onde, mesmo que vivas algumas pessoas tornam-se iguais a velhos jazigos, pois aos poucos foram morrendo em minha vida, e que teimosamente ainda as levo flores, em sinal de saudade.
Há em cima de mesinha no lado da minha cama, uma folha de papel e uma caneta destampada, que deixei escrita uma poesia inacabada. O sono e a falta de inspiração me obrigaram a deitar-me. Aborreço-me muito rápido das coisas, a por muitas vezes das pessoas. Mas não gosto de ser assim. Foi o que ocorreu com a poesia. Logo dela me aborreci, e nem tomei todo café que havia feito para passar a noite escrevendo. Logo esfriou, a inspiração se foi. Fui deitar-me. E com o sono também ocorreu...

Nenhum comentário:

Postar um comentário