quarta-feira, 24 de abril de 2013

Quando Sopra o Minuano-Minuano-A Imembuí (parte V)

Seus olhos agora tornavam-se turvos.
Não sabia ao certo o que sentia por aquele homem que mal conhecia e que já se fazia enamorada, mas que agora pouco tempo depois de conhecer já sentia medo. Talvez toda sua inocência havia se acabado naquele momento.
As notas que saiam daquela viola lhe faziam bem aos ouvidos, mesmo que nunca lhe tivessem sido dedilhadas.
Os outros tropeiros que acompanhavam estavam por perto de olhos atentos para que nenhum índio se aproximasse do acampamento, e então Imembuí foi se fastando silenciosamente dali, para que ninguém a visse.
Aos poucos a melodia que Rodrigo fazia de sua viola, ia se calando, ao passo que ela ia se afastando do acampamento ao pé de um dos montes. As frestas do sol reluziam em sua pele morena, que agora em seu rosto trazia o ar da dúvida. Foi caminhando lentamente e pensando em tudo o que havia acontecido ultimamente em sua vida: sua união a Acangatú, esta paixão por um homem que nunca havia visto e esta ameaça de invasão. Seus pensamento agora se tornavam confusos.
Foi caminhado mais um pouco até uma clareira perto de um córrego que desaguava no Itaimbé, onde muitos pássaros cantavam em cima de enormes árvores. Chegou no meio dessa clareira, olhou para o céu, onde o sol ia se escondendo atrás de uma nuvem, e logo se despontou detrás dessa nuvem. Ainda sim era possível ouvir, mesmo que muito fraco o som da viola do Morotin. Uma vertigem tomou conta da jovem índia e seus joelhos vergaram-se, pondo-a de joelhos na grama ainda úmida pela chuva. Olhou novamente par o céu e disse:
-Ó Tupã! Pai dos céus e da terra! Afasta esses homens maus de perto de meu povo!
Uma lágrima desceu de seus olhos, molhado seu doce rosto.
Sentia que era seus dever odiar aqueles homens brancos que queriam o mau de seu povo.
Levanto-se dali e saiu correndo em direção da aldeia.
Em uma mangueira feita no meio de algumas árvores e pedras, onde se prendiam os cavalos, Apacaní, ensinava os pequenos indiozinhos de sua aldeia os primeiros manejos com os animais, que durante suas vidas lhes seriam muito úteis.
-Ali está Apacaní, Acangatú; disse Anitam apontando em direção da mangueira onde ele se localizava Apacani.
Acangatú chegou na beira desta mangueira e chamou Apacaní.
Lhe dera a notícia de que seriam atacados por homens brancos, e lhe contou tudo que havia descoberto.
-É hora de unirmos nossas tribos e nos preparar para o ataque deste morotins. Avisa o chefe da tua tribo para preparar os guerreiros e venham para cá!; ordenou Apacaní.