terça-feira, 17 de junho de 2014

Pouco a falar, quase nada a dizer

"Sonhos vão e sonhos vem 
E o resto é imperfeito..."
-Legião Urbana.

O que se tornaram as palavras?
Um amontoado de letras sem nenhum sentido
Pequenas, sem nenhuma cor, sem nenhum conter
Ao vento atiradas
Vazias a correr
Pelos ares sem rumo algum

Não ficamos sem falar
Mas sim sem dizer
Nem acrescentar
Como olhos sem brilhos, sem olhares
Como uma boca, com carne, mas sem sorrisos.
A fazer...
O viver...
A viver.

Uma insatisfação e um desgosto
Da maciez das conversas
A aspereza do silêncio
Tornou-se o
Que nem bem silêncio é,
Apenas seco de emoções
E lá no fundo ainda guarda um punhado de calor
E nada de fé.

E elas, as palavras cheias de vida
Se foram e deixaram a porta do passado escancarada
Junto de dois olhos que estão ainda lá presos

Numa espera cativa e nunca cessada.


 Erasmo Pinheiro, Piratini, 17 de junho de 2014.