terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Sobrado da Dorada


Construído por volta de 1830-1840 , este é o famoso Sobrado da Dorada, um dos mais belos exemplos de Arquitetura de nossa cidade.
Chegando em Piratini, no final da década de 1820, o médico francês José Afonso Gassier, casou-se com Florinda Pimentel de Melo, viúva de Francisco Moreira da Silva Verde, o qual foi signatário da Ata de Sessão Extraordinária da Republica Rio-Grandense, datada de 16 de novembro de 1837.
Ficando viúva deste primeiro esposo e tendo toda vida pela frente, Florinda casa-se com o Dr. Afonso, sendo este um dos casais mais abastados da época, uma vez que ela era neta de Vicente Lucas de Oliveira, um dos políticos e estancieiros da Vila de Piratinym.
Após o consórcio deste casal, os mesmo passam a residir em uma casa modesta á frente do atual sobrado.
O doutor começa á atender seus clientes e logo ganha a simpatia da população, em uma das épocas mais convulsivas da história de nosso estado: a Revolução Farroupilha.
Então, não levou muito tempo para que ele conseguisse juntar dinheiro para construir um suntuoso sobrado.
Foram trazidos da França azulejos, os quais ornamentam toda a  fachada, portas feitas com madeira de lei, portas com vidraças ornamentadas com desenhos, além de uma lareira de mármore branca, e os quatro animais, um cachorro, o qual foi o único que restou nos dias atuais, um tigre, um leão e um cabrito, em cima e quatro dos seis pilares que ficam em cima da denominada "açotéia", uma espécie de sacada, em cima do quarto no qual o médico atendia seus pacientes.
A residência era também onde aqueles que sem condições financeiras, ficavam aos cuidados do médico, tanto que esta açotéia servia também para deixar os pacientes tomarem Sol durante seu tratamento.
Muitas pessoas morreram neste residência, e por serem pobres, ou por outros motivos, eram sepultadas nos arredores do Sobrado. Daí partem ás inúmeras lendas de que este Sobrado seria assombrado.
Os anos passaram, e o casal não gerou nenhum filho, então decidiram adotar um menino, filho de parentes distantes de Florinda, chamado Affonso Cassiano Crespo, este que foi seu afilhado.
Na década de 1860, vendo que não havia um Cemitério Publico, para uso de pessoas menos abastadas, o doutor Gassier doa a comunidade um terreno para que seja construído o cemitério.
Então é fundado o Cemitério Santo Afonso de Ligório, o atual Cemitério Municipal, no final da década de 1860.
Conta-se que em seus fundos, havia uma fábrica de foguetes, pertencentes aos irmãos Gonzaga, a qual foi demolida anos mais tarde até os alicerces.
Os anos vão passando e a velhice começa a chegar para o casal, e então, já um homem feito, Affonso Cassiano, casa-se com a pelotense Maria Augusta Carvalho dos Santos,e os dois amparam o casal na velhice.
No início da década de 1890, o casal vem a falecer, sem filhos ou parentes próximos, o Sobrado então é deixado para Affonso, assim como os outros bens do casal.
Ali Afonsso e Maria Augusta criaram seus treze filhos, dentre estes, uma das mais novas, chamada Doralina, a qual todos conheciam por Dorada.
Dorada, nasceu no Sobrado, no ano de 1900, era uma das mais belas moças da cidade.
No final da década de 1920, Dorada casa-se com o italiano Humberto Gottuzzo, desta união surge apenas um filho, Affonso de Jesus.
No final da década de 1930 morre Affonso Cassiano e mais adiante, em 1948, morre Maria Augusta, ficando assim para Dorada, assumir o Sobrado.
Viúva, e com seu filho morando em Pelotas, Dorada resolve chamar uma de suas irmãs, Ambrozina, para morarem juntas, uma vez que ambas eram viúvas, aos cuidados de uma filha de criação.
Mas sempre haviam por ali seus irmãos ou sobrinhos, que seguidamente pernoitavam no Sobrado.
Já bastante idosa, Dorada, fica doente e morre no Sobrado.
Então passa a ser posse de seu filho, Affonso de Jesus, o qual aluga para várias pessoas o Sobrado.
Hoje em dia pertence á viúva de Affonso, D. Maria, e encontra-se em precárias condições de conservação, mesmo sendo patrimônio histórico, tombado pelo IPHAE.
Localiza-se na Rua General Neto, no Bairro Santa Izabel,em Piratini.
-Erasmo Bonotto Pinheiro Crespo 

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