quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Foi Assim ...

Piratini, vista aérea 
Rio Grande de São Pedro, continente
Cobiçada pela Espanha, faz Portugal
Tratar de povoá-lo com boa gente, 
Garantindo sua posse-afinal.
E, para não mais sofrer desenganos, 
Manda os fiéis casais açorianos,
Raça forte, bom caráter e lutadora, 
Para povoarem a terra promissora

Coxilha de Santo Antônio, estrada
Caminho natural, das águas divisor, 
Roteiro secular, do peão, da tropeada,
Das marchas de guerra, do fervor,
Nascentes dos riachos,que dali, 
Correndo sul, formam o Piratini,
Rumando norte, vão fluindo,
Para o Camaquã, contribuindo.

Piratini, rio do peixe barulhento,
Em meio ás serras, correm suas águas,
Ora mais rápido, ás vezes mais lento,
Banhando o índio, lavando ás mágoas, 
Demarcou divisas com a Espanha,
Refletindo as lutas desta campanha.
Ponto inicial, marco de referência, 
Dos povoadores desta querência.

José Antônio Alves, vivia arranchado,
Entre dois galhos do rio Piratini.
Cuidando da lavoura e do gado,
Em três léguas de campo, por ai,
Filho da Ilha de Santa Catarina, 
Seguia sua vocação e sua sina,
Com Maria Antônia, seu bem querer,
Filha de Viamão, que a viu nascer.

Nos idos do ano de oitenta e oito, 
Chega o Azambuja, cabo de milícias,
Para notificá-lo, e com certo afoito,
Entrega o mandato de más notícias.
José, abre um demorado bocejo,
Ao ouvir a dura ordem de despejo,
Dada pelo comandante da fronteira, 
Deixando-o "sem eira nem beira".

Antônio José Feijó, o capitão,
Com ordens de Ribeiro, o coronel,
Leva o Xavier para fazer a medição
Do Cerro Pelado. Em seu papel, 
Traz dos casais, as nominatas, 
Dos que vão receber as datas.
Faz medir, marcar e dá posse,
Para que o casal viva ali e remoce.

Setecentas cinquenta de frente,
Por outras tantas braças de fundo,
Foi a área Régia presente,
A cada casal, no novo mundo,
Com a condição: de nela habitar
E com sua família trabalhar;
Não a vender, sem terem passados,
Cinco longos anos bem contados.

Oitenta e nove, do século dezoito,
Seis de julho, o dia está registrado:
Foi dada posse aos quarenta e oito
Casais; a cada um, o lote demarcado.
Vieram de longe- lá dos Açores,
Trazendo consigo- os seus amores,
Para na nova e estranha terra morar,
Com fé e sua descendência povoar.

Salve Nossa Senhora da Conceição,
Culto secular dos ilhéus povoadores,
Trazida com muito amor e devoção,
Do além-mar, das Ilhas dos Açores.
Legado de fé, dessa gente pioneira,
Que fizeram nossa Padroeira.
Seu santo nome, invocamos aqui:
Intercedei á Deus- por Piratini .

Autoria: Jayme Lucas D´Ávila, fonte Livro Povoadores de Piratini.


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