“-Vosmecê já está pensado em atacar aquela aldeia índia?”,
perguntou Fernão.
“-Me diga então, necessitamos de mais cavalos, e mulheres
para nosso “divertimento”, diz Miguel.
Rodrigo, não era desses homens de roubar as coisas alheias,
muito menos de violentar mulheres, sendo elas índias, ou mulheres brancas, mas
a necessidade de novos cavalos o fazia pensar melhor na proposta de Miguel.
Seria um bom lucro para Rodrigo, para todos, porém havia uma
coisa. Era pessoas que tinham aqueles cavalos, sim pessoas, mesmo não sendo
civilizados eram pessoas, tinham tido de se esforçar para prender aqueles
cavalos que os primeiros jesuítas haviam trazido da Europa para a América,
cavalos este que que se tornaram
selvagens , depois de terem fugido das Reduções no norte da Capitania. E então
seria um crime lhe roubar estes animais. Mas se Rodrigo fosse contrário a
vontade de Miguel e dos outros, que ao descobrirem da existência dessa tropilha
e ainda mais dessas virgens índias, seria inútil, pois eram em número maior.
“-Ao cair da noite, nos atacamos os índios, avise os outros
e preparem a munição ...” falou com os olhos baixos Rodrigo.
Rodrigo levanta a abertura da barraca e sai para a rua para
enrolar um fumo, que trazia na guaiaca.
“-Entonces, se assim que vosmecê quer os façam. Eu vou
embuchar a pistola ...” disse meio contrariado Miguel, passando a mão na
pistola.
Feliz pela aceitação de Imembuí, Acangatú, saiu de sua tribo
e foi até o riacho pescar uns peixes para levar a sua prometida, quando ao
chegar ao riacho, avistou atrás do morro, fumaça, que ao vê-la, logo percebeu
que se tratava de mais um bando de “Morotins”,
ou seja, homens brancos.
Haviam muitos anos que os Morotins não paravam para
descansar no pé daqueles morros, ou á beira do Itambé, e por isso deixou suas
armas de pesca no meio de uma vassoura e decide ver isso de perto, pois temia por sua aldeia e principalmente por a
vida de sua amada. Sabia que por qualquer motivo os homens brancos podiam
atacar seu povo.
Acangatú seguiu por o meio das árvores que rodeavam o monte,
e aos poucos foi se aproximando das barradas improvisadas que os tropeiros
haviam feito para se protegerem do temporal que havia caído.
Por o meio das árvores, ele conseguia ver os homens brancos
ajeitando suas armas.
Pelo pouco que entendia do idioma dos Morotins, Acangatú
consegui entender quando um deles disse ao outro:
“-Iremos nos dar muito bem, afinal, lá tem bastantes cavalos
e mulheres! Ha Ha Ha! A noite vai ser boa!” disse um dos ajudantes de Rodrigo
ao outro e soltando um gargalhada .
Sim! As aldeias estavam
ameaçadas! Aqueles malditos iriam atacar e roubar os cavalos e mulheres que lá
haviam!.
Sem fazer barulho algum, o jovem
guerreiro fez uma volta no monte e entro na aldeia Minuano correndo, a fim de
avisar Apacani, sobre o risco que sua tribo estava correndo.
A primeira pessoa que ele avistou
ao entrar na tribo, foi sua amada Imembuí, que estava parada encostada na porta
e ao perceber que ele corria em sua direção, olhou-o com um olhar admirado, de
quem não esperava sua chegada.
“-Acangatú por aqui, veio me
trazer peixes ou outra caça?”, falou a índia com seu belo sorriso no rosto.
“-Bem que Acangatú queria, mas
tenho que falar com Apacaní, os Morotins vão atacar nossas tribos!, disse ele
recuperando o fôlego, a porta da casa de Apacani.
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