Imembuí e seu Morotin |
Era primeira metade do
século XVII, portugueses e espanhóis travavam sangrentas batalhas pela posse
das terras do Continente, onde viviam os nativos moradores deste chão.
A denominada região da “Boca
do Monte” ficava no caminho dos bandeirantes que vinham da Capitania de São
Paulo, indo até a Colônia do Sacramento, ás margens do Rio da Prata, onde
negociavam mulas com os Hispânicos.
Bem no meio deste caminho
muito utilizado, mais precisamente no coração da Capitania de São Pedro,
existia a dita região do Riacho Itaimbé, onde de uma margem viviam os Minuanos,
e de outra margem viviam os Tapes.
O chefe da tribo dos Minuanos,
Apacani era casado com Yboquitã, e dessa união nasceu a bela Imembui, que
nasceu em meio á um banho de sua mãe, sendo que seu nome na língua indígena “Filha das Águas”. Imembuí era a mais
bela de todas as jovens de todas as tribos da região, e despertava a admiração
de todos os jovens guerreiros dali.
Acangatú, um dos jovens
guerreiros da tribo dos Tapes, ao ver pela primeira vez que viu a bela filha do
cacique, ficou enamorado da bela índia.
Imembuí enfeitiçava
doçemente todos nas duas tribos, sua pele era alva como o brilho da Lua, seu
sorriso irradiava a beleza e este era mais quente que a do Sol, cabelos negros
e lisos que mais pareciam serem fios da noite, dessas que não há Lua, onde a
imensidão do negro silêncio ecoava por dentre os montes.
Numa manhã de primavera,
Acangatú resolveu atravessar o riacho á nado e ir à palhoça onde o pai de Imembuí
para pedir a mão da bela índia em casamento.
Chegava todo sestroso á
aldeia dos Minuanos, os olhares dos índios fitavam-no dos pés á cabeça.
O guerreiro Tape estava
decidido á viver o resto da vida ao lado da índia.
Na oca de Apacani, ele
observava os outros habitantes da tribo trabalharem e ao perceber que o jovem
índio se aproximava levantou-se de seu banco. Seus olhos estavam estralados,
como dois vaga-lumes desses que ficam piscando na escuridão da noite.
Levantou-se e andou até a
saída, pôs o pé no chão da tribo, e caminhou até o encontro de Acangatú.
O valente guerreiro tremia o
olhar de seriedade do chefe Minuano, o fazia engolir a própria saliva, desse
jeito que se faz que até os mosquitos consigam escutar.
Chegou á sua frente e ambos
encararam-se, uma á frente do outro. Todos na aldeia pararam para ver tamanho
evento.
As tribos viviam pacificamente há muitos anos,
mas cada uma e seu lado do riacho.
O pai de Acangatú havia
morrido quando este era muito pequeno, e sua mãe logo depois quando era mais
velho, e ele foi criado por um dos anciões da tribo. Desde menino, a partir dos
dez anos foi treinado para ser um dos melhores guerreiros que estas terras viriam.
Sempre que sua tribo era atacada por tribos inimigas ou pelos bandeirantes,
sempre era ele quem comandava os demais índios.
Voltamos ao acontecido no
meio da pequena vila dos Minuanos. Como de certa maneira, o olhar do jovem
guerreiro mesclava entre respeito, medo, e autoconfiança, pois se quisesse
unir-se á filha do chefe da tribo vizinha, teria que se mostrar um verdadeiro
homem, valente e confiante em si.
“-Diga, guerreiro Tape, o
que quer de Apacani?”, perguntou o chefe indígena, com olhar de indagação.
“-Acangatú veio até o grande
Apacani para pedir para me casar com Imembui!”, disse Acangatú.
Sem responder, Apacani fez
sinal para irem até sua moradia. Seguiram um atrás do outro sem falarem nada.
Taciturno e com medo da resposta do chefe da tribo vizinha.
Entraram na residência e
assim que Acangatú pôs os pés dentro da habitação de Apacaní, surge Yboquitã, a
esposa de Apacani, uma mulher índia de cerca de 40 anos, assim como Imembui,
bela ainda por sua natureza indígena. Chegou por uma das portas da residência,
ficou se perguntando mentalmente: “O que ele fazia ali”? Uma nova batalha
contra os homens brancos?”
Então o terminar de se
perguntar mentalmente isso, Apacani perguntou á esposa:
“-Onde anda Imembuí?”
“-Imembuí e Anitan foram se
banhar no rio”, respondeu ele olhando por uma das janelas, procurando na
imensidão verde onde sua filha se encontrava.
Ao mesmo tempo em que isso
acontecia, Imembuí, a bela índia Minuano, e sua amiga e irmã de criação Anitan,
lavavam-se no riacho, nadava, pulavam, graciosamente fazendo das águas do
Itaimbé, um verdadeiro paraíso enfeitado pela delicada beleza das duas índias.
“-Acho que Yboquitã pode
estar preocupada com a gente, Imembuí!” exclamou Anitan, tirando o cabelo
molhado do rosto.
“-Não talvez não, ela deve
estar ajudando meu pai nos trabalhos da aldeia, e a daqui á pouco vamos
embora”, falou Imembuí.
Continuaram a nadar com toda
a felicidade que tinham em suas doces almas.
Imembuí tinha apenas 16
anos, e Anitan 15, foram criadas juntas desde pequenas, uma vez que Apacani e
Yboquitã tiveram apenas Imembuí por filha, e os pais de Anitan á abandonaram
quando tinha poucos meses de vida e sumiram. Cresceram juntas amigas, brincando,
uma mais bela que a outra, porém Imembuí era mais alegre e risonha que Anitan,
e despertava a paixão de muitos dos jovens índios das tribos.
Já saindo da água, Anitan
olha para o céu e percebe que irá chover.
“-É melhor Imembuí sair da
água, que pelo jeito do céu Tupã vai mandar chuva!”, diz Anitan apontando para
céu.
“-Tá bom vamos então!”,
disse Imembuí chateada com a amiga por fazê-la sair do seu banho.
Saíram do riacho, as duas e
seguiram caminhando por uma estradinha que levava direto á aldeia.
“-Na aldeia dos Tapes tem um
belo guerreiro, que toda vez que Imembuí vai buscar água no riacho fica
admirando e sorrindo”! falou rindo para Imembuí.
“-Não quero ninguém dessa
aldeia nem de outra, eu sei que virá um alguém de longe, muito longe que eu
sei que é meu grande amor!" Falou Imembuí sorrindo e olhando para o céu.
Anitan sacudiu a cabeça em
sinal de reprovação, mas não falou nenhuma palavra.
Seguiram caminhando até
chegarem à aldeia, onde perceberam já na chegada perceberam que havia algo de
fora do comum.
“-Por que será que não vejo
meus pais?” falou Imembuí procurando no meio da aldeia por seus pais.
“-Estão dentro da casa”,
falou uma índia que passava nesse momento.
Seguiram até a casa de
Apacaní e entraram, surpreendendo-se coma presença de Acangatú ali.
“-Imembuí este é Acangatú,
da tribo dos Tapes e veio até aqui para pedir para casar-se com você!”, falou
Apacaní, pondo a mão no ombro de Acangatú.
Muito bom... Siga em frente esta história! Quero a continuação. ^^
ResponderExcluirobrigado querida e em breve teremos uma continuação ;)
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