A Primeira metade
século XIX:
Costuma-se definir a moda no século XIX como a moda ligada ao romantismo, com
seus vestidos de armação, botas, leques, cabelos longos e presos. Os vestidos feitos com tecidos pesadíssimos
passavam a imagem austera e ao mesmo tempo de uma elegância ímpar. O espartilho
foi um item indispensável para as senhoras da alta sociedade, principalmente
nos grandes centros urbanos, como Paris e Londres.
Nos primeiros anos do século XIX, entre
1804 á 1815, o período conhecido como “Período do Império” ou “Neoclássico”, a
moda era ditada pelas grandes damas da sociedade francesa e consistia em
vestidos longos, até os pés, comumente nas cores branca, bege e nude para as
senhoritas. As senhoras e viúvas eram adeptas de cores mais sóbrias, como o
preto e marrom. A cintura era alta e levemente marcada pelo espartilho, e
também eram usados laços de cetim sobre o tecido do vestido. Quando Napoleão
Bonaparte foi coroado imperador na França, investiu fortemente para promover a
França como a grande ditadora de moda no mundo. Devido ao aquecimento climático
europeu na era Napolêonica, procurou-se minimizar a quantidade de tecidos, o
que só havia existido nos primórdios da Antiguidade e, que só seria visto
novamente na década de 1920 do século XX.
Numa primeira impressão as mulheres podiam ser comparadas ás vestimentas gregas
da Antiguidade, já que o traje desta época trazia muitos elementos deste
período, dai o nome Neoclássico (releitura do classicismo). Por baixo dos vestidos era usado uma espécie
de pantalona, que mais tarde evoluiria para o sutiã moderno, chamado de
divórcio. Os rufos voltaram a moda em tamanhos discretos neste período, sempre
acompanhados de um xale discretos, além de uma série de acessórios que eram
indispensáveis as mulheres deste período, tais como luvas, sombrinhas, sapatos
(que eram tipo sapatilhas ou bailarinas), leques, etc. Usava-se colares, porém discretos.
Os cabelos eram quase sempre
penteados e repartidos ao meio, com cachos, e sempre que fossem á um passeio na
rua, eram escondidos debaixo de “bonnets”,
um tipo de chapéu de abas largas e que cobriam as orelhas.
No Brasil, em 1808, quando a
família real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, fugida após Napoleão
Bonaparte decretar o Bloqueio Continental, a Missão Francesa reformulou o
estilo de vida da população da Corte. Vários artistas vieram da Europa, tais
como pintores, arquitetos e modistas. Pode-se dizer que foi o início do mundo
da moda no Brasil.
A fase seguinte da moda, também
ditada pelas francesas e agora juntamente com as inglesas, foi conhecida como
fase da Regência, ou Era Georgiana. Foi a transição do Neoclássico para o
Romântico, num curto período de tempo, de 1811 á 1820. As barras dos vestidos
agora eram abertas, ao invés de serem retas até o tornozelo, como no
neoclassicismo. Na Inglaterra, os vestidos nessa época ganharam um tom mais
romântico, com suas mangas com enchimentos. Outras mudanças foram a volta do
corset em formato pontudo e as saias em formato de cone, sustentados por várias
anáguas e sobre estas usavam-se capotes e o sobretudo. Os penteados e chapéus
ficaram cada vez mais sofisticados.
Muitos dos aspectos deste período foram inspirados no estilo da Rainha
Elizabeth e posteriormente pela rainha Vitória do Reino Unido. Segundo as normais morais impostas pelo
governo Vitoriano, o estilo Neoclássico era visto como indecente. Mais tarde, durante o final da Era Vitoriana
e início da Era Eduardiana (final do século XIX e início do século XX), esses
dois estilos tornaram-se verdadeiras relíquias e não eram mais mal vistos,
contribuíram assim em vários aspectos para a moda desta época.
Outra grande fase da moda no
século XIX foi a Era Vitoriana. Ao assumir o trono inglês em 1837, a rainha
Vitória seria a grande baluarte da moda no período de tempo de seu
reinado. O conceito de mulher ideal para
a rainha era o da mulher bondosa, maternal, e acima de tudo, recatada. Os chapéus eram com grandes abas, os vestidos
com as suas anquilhas e crinolinas, feitos em tecidos mais pesados que antes, com
vários corpetes, despontando a imagem de mulher doce e ao mesmo tempo recatada,
suas mangas em estilo bufante desciam até os pulsos, mostrando pouco do corpo
feminino. As botas eram os sapatos da época, juntamente com os espartilhos. O
cabelo era sóbrio sem grandes penteados, geralmente amarrado junto á cabeça ou
levemente enfeitados com cachos. O ideal
de beleza trazia á público a preferência por mulheres altas, magras e com a
pele pálida.
Na primeira metade do século XIX surgiu um novo acessório, a handbag, que aperfeiçoada com o passar dos anos iria tornara-se a bolsa.
Na primeira metade do século XIX surgiu um novo acessório, a handbag, que aperfeiçoada com o passar dos anos iria tornara-se a bolsa.
A invenção dos navios á vapor, do
trem ajudou a espalhar a moda europeia pelas colônias americanas, africanas e
asiáticas, não restringindo a moda ao continente que ditava o estilo de vestir
no século XIX.
A Imperatriz Eugénia de Montijo,
esposa de Napoleão III, imperador da França foi grande incentivadora do uso da
crinolina, uma espécie de armação posta sob o a saia, deixando-a com uma
armação suntuosa.
A moda nas décadas posteriores no
Brasil, já uma monarquia, era imitada pelas damas da alta sociedade, baseado
nos modelos vestidos pelas imperatrizes, que eram atendidas por estilistas
vindos da Europa, principalmente da França.
A Segunda fase da Era
Vitoriana:
Por meados da década de 1860, as saias passaram a ser retas na
frente e com volume apenas na parte traseira, perdendo um pouco do volume de
tecido da fase anterior, que poderia a pesar cerca de 15kg, mais compridos,
deixando tecido a arrastar pelo chão com vários babados ornamentando saias e
vestidos. As mangas eram mais retas e um pouco mais curtas. O chapéu perdeu
bastante cultural espaço para os grandes penteados, enfeitados com laços e
fitas. Luvas também foram acessórios de forte uso da época. Foi o período em
que menos se mostrou o corpo feminino.
Este tipo de estilo caiu em desuso no fim do século XIX, com o fim do
reinado de Vitória e o início da era Eduardiana. Foi também nessa fase do reinado de Vitória que seu governo impulsionou a política Imperialista, que várias nações europeias seguiram o modelo de colonizar vários territórios na África, Oceania e Ásia. Muitas tensões políticas e militares também ocorriam na Europa, como as unificações de vários pequenos reinos que mais tarde formariam novas potências econômicas, como a Alemanha e Itália.
A Belle Époque e A Era Eduardiana:
A Belle Époque foi um período histórico, artístico e
cultural, durando de 1870 á 1914. A moda sofreu grande influência da Art
Noeuaveu e o Impressionismo movimento surgido na Europa. A Revolução Industrial
e o surgimento do automóvel também influenciaram a sociedade, surgindo assim um
estilo de vida boêmia.
A partir do final do século XIX, em meados de 1888, uma nova
revolução estética surgiu. Os vestidos perderam os seus volumes traseiros,
deixando-os novamente em formato cônico, com cintura bastante marcada pelos
espartilhos no formato de S, mas ainda sim mais leves, românticos e femininos. Os chapéus voltaram a moda e agora com vários
adornos em sua copa, ou ainda com fabulosos e rebuscados penteados. As
sombrinhas passaram a ser um acessório indispensável para as damas da
sociedade, assim como a bolsa de mão ainda bastante discreta.
Nos primeiros anos do século XX surgiam os cabarés, com suas
dançarinas trajando vestidos leves e com pouco tecido, com bastante o que viria
a influenciar a moda nos próximos anos.
Outro porém foi o surgimento das novas vanguardas artísticas que
surgiram juntamente com o novo século, tais como o Cubismo, Dadaísmo, Fauvismo,
Futurismo, etc.
As tensões políticas que se arrastavam na Europa no final do
século XIX e início do XX culminariam no que a história designou como a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A sociedade sofreu profundas mudanças nos
quatro anos da guerra que devastou a Europa e quebrou assim muitas ligações que
ainda havia com o século XIX.
1914-1919:
Os quatro anos de duração da Primeira Guerra Mundial
provocaram profundas mudanças socioculturais na Europa e consequentemente no
mundo todo. Por conta da grande tensão provocada pelos conflitos bélicos,
abafou-se o mundo da moda. Destacaram-se grandes estilistas nesse período, os quais
viriam a contribuir para a grande virada no mundo da moda na década seguinte.
Madeleine Vionnet, Coco Channel e Paul Poiret com suas costuras de alto nível
revolucionaram a moda, banindo de vez o corset, os espartilhos e os longos
vestidos, que passariam a ser estilo “barril”, em formato cilíndrico, pouco
mais curtos, da altura da canela até a batata da perna, permitindo o uso de
sapatos mais confortáveis, e o uso de meias e cintas ligas sob os vestidos. Eram roupas confeccionadas em tecidos mais leves
e práticos do que os das décadas anteriores, geralmente de algodão e flanela,
perdendo um pouco do feminismo. O cinema
foi uma das poucas distrações da população que vivia em constante
vulnerabilidade devido as batalhas que ocorreram por toda Europa. Os estúdios
como a Paramount, Warner Bross, Kalem Studios, Fox e Universal construíram as
bases de Holliwood, que seria até os dias de hoje, a capital do cinema. Charles Chaplin. Douglas Fairnbanks e D.W
Griffith produziram dezenas de filmes neste período, tornando-se os grandes
expoentes do cinema, até os dias atuais, uma vez que suas produções
cinematográficas traziam alegria ao mundo dolorido pela guerra. As primeiras e
grandes estrelas de cinema deste período foram: Lillian e Dorothy Gish, Clara
Bow, Edna Purvience, Mary Pickford, Mae Marsh entre outras, em filmes mudos
tais como “O Nascimento de Uma Nação (1915). Vários cineastas tentaram sem
sucesso, unir os efeitos sonoros a imagem do filme. Isso só seria concretizado
em 1927.
A partir do final da guerra, em 1918, começou uma nova
grande revolução sociocultural e econômica em todo mundo.
Os anos 1920:
Ao final da Primeira Guerra Mundial o anseio de viver a vida
intensamente foi a grande força que moldou um novo estilo de viver, começando
na Europa e Estados Unidos, sendo adotada em todo o mundo.
A década de 20 foi o período da história em que as mulheres
ganharam autonomia, podendo gozar de privilégios até então proibidos á elas,
como trabalhar fora de casa, fumar em público, etc. Os cabelos foram cortados
na altura do rosto, a moda la garçonn, as
sobrancelhas raspadas e riscadas á lápis, o uso do chapéu ficou restrito ao uso
diurno, enterrado até os olhos no estilo clochê.
Os sutiãs substituíram os espartilhos, trazendo o estilo de cintura
tubular. Eram as melindrosas, mulheres
modernas que frequentavam os salões, traduzindo a alegria do pós-guerra. Os vestidos leves e vaporosos que a
partir de então foram encurtados até a altura do joelho substituindo os
desconfortáveis (e nada práticos) vestidos das décadas anteriores, provocaram
grande recusa dos mais conservadores na sociedade, pois as meias em cores nude e branca davam a ideia de pernas nuas, confeccionados com tecidos leves (principalmente a seda), também
mostrando decotes mais ousados. Isso proporcionou as mulheres dançarem as
danças vigorosas, como o Charleston, o Foxtrot e o Jazz nos salões, que foram
muito frequentados nesse período. A boca era em formato de coração e os batons
em tons como o carmim.
A estilista francesa Coco Channel lançava uma moda atrás da
outra, com seus blazers, colares compridos, os cortes retos e práticos. Outros
estilistas do período foram Jean Patou e Jacques Doucet, os quais vestiam as
grandes atrizes da época, como Mary Pickford, Marlene Dietrich, Glória Swensom
e a dançarina norte-americana Josephine Baker, que se tornaram referenciais de
moda nos “loucos anos 20”. No ano de 1927 estrearia o primeiro filme falado,
The Jazz Singer (O Cantor de Jazz), dirigido por Allan Crosland, que a partir
de então declinaria a indústria de cinema mudo.
Nessa época surgiram as primeiras roupas de banho, como os
maiôs e as roupas esportivas, uma vez que nesse período popularizou-se a
prática dos esportes, como o futebol, tênis e as corridas de automóvel.
Porém a euforia e o espírito de alegria intensa dos anos 20
teriam fim no dia 24 de outubro de 1929, quando ocorreu a o anúncio público da
grande queda na Bolsa de Valores de New York.
A década de 1930 iniciaria assim sob o signo da decadência econômica, passando
a história como a Grande Depressão, o que impreterivelmente afetaria o mundo da
moda.
Anos 1930:
Após a grande crise de 1929, a
ordem no mundo todo era racionar os gastos.
Descobriu assim com toda essa crise, as pernas sem meias, os banhos de
sol, os esportes, com o uso das bicicletas que passou também a ser de uso
feminino. O uso das boinas surgiu assim junto com os anos 30, virando sinônimo
de elegância e prestígio. A moda dos anos 1920 havia descaracterizado a
elegância feminina das décadas anteriores e nos anos 1930 as formas tornaram-se
justas e sóbrias, com um toque elegante, prático e esportivo, redescobrindo o
jeito feminino de vestir. Boleros e
capas também foram um dos pontos fortes da moda nos anos 30. As saias ganharam
um pouco mais de comprimento, justas sem o uso de meias sob elas, os sapatos
ganharam pequenos saltos e discretos e os cabelos eram geralmente mais
compridos, na altura dos ombros. Os tecidos usados na confecção das roupas eram
mais grosseiros que os da década anterior, geralmente em algodão, o cânhamo e
até palhas. Madeleine Vionnet, Coco Channel e outros tantos estilistas
continuaram a vestir as grandes estrelas do cinema americano, que neste período
teve um grande sucesso de público com suas produções. Greta Garbo, Bette Davis,
Katherine Hepburn, Marlene Dietrich eram as grandes estrelas de cinema da
década, sendo referenciais de moda e comportamento.
Nesta década, na Europa ocorreu a
ascensão dos regimes totalitários com Benito Mussolini na Itália e Adolf
Hitller na Alemanha. As tensões políticas que iniciaram em 1919 com o Tratado
Versalhes, arrastando-se por as décadas de 1920 e 1930, culminariam em 1939 no
conflito que passaria a história como a Segunda Guerra Mundial, que se só
terminaria em 1945.
Os anos 1940:
A moda dos anos 1940 era em estilo
militar, ombros sóbrios e os sapatos pesados. Surgiram as fibras sintéticas, os
botões, as pregas, os bolsos e os cortes extravagantes. Os cabelos eram pouco
mais longos geralmente ondulados, presos por grampos, acompanhados por boinas
ou chapéus e lenços atados no pescoço.
Os seis anos de duração da Segunda
Guerra Mundial forçaram os estilistas a fecharem os seus ateliês e
refugiarem-se em locais seguros dos bombardeios das forças aéreas alemãs e
japonesas que assolaram países como a França, Inglaterra e o Japão. O
racionamento de poder econômico fez com que usasse o pouco de tecido que ainda
restaria após a devastação de plantações ao redor do mundo. Surgiram os decotes mais avantajados e os
tecidos floridos. O estilista inglês Charles James inovaria com a produção de
moda em massa. Devido ao isolamento da
França e a Inglaterra, os Estados Unidos teve maior liberdade para inventar a
sua própria moda. No ano de 1945 a
guerra chegaria ao fim, trazendo alívio ao mundo todo. Em 1946 o estilista
Louis Reard mostraria ao mundo o biquíni, usado pela modelo Micheline
Bernardini, e que foi ajudado a ter mais aceitação pelo mundo do cinema.
Em 1947 Christian Dior faria sua
primeira exposição, trazendo em seus looks elementos da moda de 1860, que se
tornariam febre nos anos de 1950.
Os anos 1950:
A moda dos anos 50 trouxe
elementos de períodos anteriores, porém fazendo uma releitura do vestuário
feminino, tornando- as mais femininas. Foi a época do glamour. Os vestidos eram
mais volumosos e ao mesmo tempo mais leves, com pregas e a cintura bem marcada,
nos estilos godê ou lisa. As maquiagens popularizaram-se neste período. Os
cabelos eram compridos usados tanto soltos quanto presos bastante volumosos.
Foi nessa época que surgiu o penteado “rabo de cavalo”. As tintas de cabelos e
loções alisadoras e fixadoras também começaram a fazer parte da vida das
mulheres. Brincos, pulseiras e colares
também ganharam destaque. O uso das
calças também foi extensivo ás mulheres, combinadas com sapatilhas modernas.
Foi nessa década que Coco Channel
voltou ao cenário da moda mundial, já que havia se afastado com o início da
Segunda Guerra Mundial, mostrando ao mundo toda sua genialidade na criação de
novos estilos de roupas. Também destacaram-se as criações do estilista Yves
Saint Laurent.
As mulheres queriam vestir-se como
as grandes atrizes de Hollywood, destacando-se Grace Kelly, Audrey Hepburn e
Marylin Monroe.
Pesquisa e texto: Erasmo Pinheiro.
Pesquisa e texto: Erasmo Pinheiro.
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